naturalidade
Boa Esperança, Minas Gerais
fontes
Biografia oficial de Nelson Freire no site da Decca Classics
www.deccaclassics.com/en/artist/freire/
biography

Programa do Recital de Nelson Freire para o Mozarteum São Paulo, em 2016
www.mozarteum.org.br/nelson-freire/

Revista Classic CD Brasileira, novembro de 1997.

Entrevista de Nelson Freire a Alexandre Dias por ocasião da inauguração do Instituto Piano Brasileiro
www.institutopianobrasileiro.com.br/post/
visualizar/Depoimento_de_Nelson_Freire_parte_1
www.institutopianobrasileiro.com.br/post/
visualizar/Depoimento_de_Nelson_Freire_para_a_inauguracao_do_IPB_parte_1_2

Documentário: Nelson Freire, um filme sobre um homem e sua música (2003) – Direção de João Moreira Salles
Atualizado em 25.04.2018
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Nelson Freire

N. 18 de Outubro de 1944
Por André Pédico e Alexandre Dias

Nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais, em 1944. Iniciou seus estudos de piano aos três anos, por influência da irmã. Em seguida foi aluno do professor Fernandez, em Varginha (MG), e no ano seguinte, realizou seu primeiro recital, interpretando a Sonata K.331, de Mozart. Em 1950, sua família decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, para que Nelson continuasse seus estudos pianísticos com as professoras Nise Obino (1918-1995) e Lúcia Branco (1897-1973), que havia sido aluna de Arthur de Greef (1862-1940), discípulo de Liszt. 

Aos 12 anos, em 1957, foi finalista do Primeiro Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, interpretando o primeiro movimento do Concerto No.5 “Imperador”, de Beethoven. Como prêmio por sua participação nesse concurso, ganhou uma bolsa de estudos para se aperfeiçoar na Europa. Assim, em 1959, Nelson mudou-se para Viena, para ter aulas com o pianista Bruno Seidlhofer (1905-1982). Antes de partir, realizou seu recital de despedida, no Rio de Janeiro, apresentando obras como a Sonata Op.110 de Beethoven, os Etudos em forma de Sonatina de Lorenzo Fernandez, a Sonata Op.5 de Brahms, e Islamey de Balakirev.

Em 1964, venceu, em Lisboa, Portugal, o Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta, e obteve, em Londres, a medalha Dinu Lipatti. A partir de então, passou a desenvolver uma brilhante carreira internacional, com apresentações em mais de 70 países, colaborando com maestros como Valery Gergiev, Yuri Temirkanov, Seiji Ozawa, Pierre Boulez, Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Eugen Jochum, André Previn, Lorin Maazel, Rudolf Kempe, Rafael Kubelik, David Zinman, Kurt Masur e Sir Colin Davis. Entre as orquestras com as quais tem se apresentado, destacam-se as Filarmônicas de Berlim, Londres, Nova York e Israel, Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdam, Gewandhaus de Leipzig, além das Orquestras de Munique, Paris, Tóquio, São Petersburgo (incluindo a Orquestra Mariinsky), Viena, Boston, Filadélfia, Cleveland, Los Angeles, Chicago e Montreal.

Nelson Freire possui uma extensa e multipremiada discografia, que se expande por quase 60 anos. Seu primeiro LP, dedicado a Chopin, foi gravado quando o pianista tinha apenas 12 anos. O álbum inclui obras como o Scherzo Op.20, a Balada Op.52 e o Estudo Op. No.4, demonstrando uma imensa precocidade artística.

Na década de 1960, destacam-se as gravações, pela CBS/Sony, de obras como o Carnaval de Schumann, a Sonata Op.5 de Brahms, a Sonata de Liszt e a Sonata Op.58 de Chopin, além de concertos como os de Grieg e Tchaikovsky com a Filarmônica de Munique, sob regência de Rudolf Kempe. Em 1970, lançou, também pela Sony, os 24 prelúdios de Chopin, recebendo o prêmio Edison do disco, na Holanda. Em 1973, gravou um disco com obras de Villa-Lobos para a Teldec, incluindo a Prole do Bebê No.1 e o Rudepoema.

Em 1982, lançou, pela Phillips, um celebrado LP em que interpreta, com Martha Argerich, obras de Rachmaninoff, Lutoslawski e Ravel e, no ano seguinte, gravou as Bachianas Brasileiras No.3, de Villa-Lobos, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Isaac Karabtchevsky. Em 1984, a gravação de seu recital, no Roy Thomson Hall, em Toronto, foi lançada em disco e recebeu o prêmio de Disque de l´anée pelo Le Monde, França. Ainda na década de 1980, realizou, pela Phillips, novas gravações com Martha Argerich, incluindo o Concerto para dois pianos e percussão, de Bartók, e o Carnaval dos Animais, de Saint-Saëns. Em 1994, suas gravações dos dois Concertos de Liszt foram lançadas pela Berlin Classics.

Nelson Freire é o único artista brasileiro incluído no projeto Great Pianists of the XXth Century, uma coleção de 200 CDs lançados pela Phillips com apoio da Steinway.

Em 2001, tornou-se artista exclusivo da Decca Classics, por onde tem lançado novos álbuns, destacando-se as gravações das integrais dos Estudos e Noturnos de Chopin; seleções de obras de Liszt, Schumann, Beethoven, Bach e Debussy; além dos dois Concertos de Brahms, com a Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, sob regência de Ricardo Chailly, gravação que ganhou o prêmio de melhor disco do ano, pela revista Gramophone, de Londres. Também pela Decca, lançou o álbum Brasileiro, em 2012, vencedor do Grammy Latino, que contém diversos registros de obras de compositores brasileiros, tais como Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Henrique Oswald, Alexandre Levy, Barrozo Netto, Claudio Santoro e Francisco Mignone.    

Em 2003, foi lançado o documentário Nelson Freire. Um filme sobre um homem e sua música, de João Moreira Salles. Neste filme, o pianista revela algumas de suas afinidades musicais, tais como a imensa admiração por Guiomar Novaes e sua amizade com Martha Argerich.

Entre as comendas e distinções recebidas por Nelson Freire, destacam-se as de Cidadão do Rio, Cavaleiro da Ordem do Rio Branco, Medalha Pedro Ernesto, Cavaleiro da Legião de Honra da França, Comandante de Artes e Letras da França, Medalha da Cidade de Paris e da Cidade de Buenos Aires, além do título de doutor honoris causa da Faculdade de música da UFRJ.  

Algumas das obras que já foram dedicadas a ele são: Prelúdio Potiguar No.1 "No caminho do sertão", de Oriano de Almeida; Suíte para piano, de Dinorah de Carvalho; Estudo No.20 "Saramba", de Camargo Guarnieri; Choro (versão inédita do 1º dos 4 Choros, baseado no Brejeiro, de Ernesto Nazareth), de Francisco Mignone; Estudo transcendental No.1 (do Vol.III) "Girando", de Lourdes França; Sonatina Op.66, de Marlos Nobre; e Balada, de Claudio Santoro.

Nelson Freire tem sido convidado regular do júri dos principais concursos internacionais de piano, como o Chopin, o Tchaikovsky e o Van Cliburn. O pianista regularmente retorna ao Brasil para recitais e concertos, sendo sempre recebido de forma entusiasmada pelo público e crítica, como um dos maiores músicos do país.