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Encarte do CD "Tia Inah - Inah Machado Sandoval - Composições para piano" (Echo 195), lançado em 1995, escrito por Paulo Ramos Machado

Encarte do CD "Piano a quatro mãos - Composições de Inah Machado Sandoval" (Independente, 2009)

Informações cedidas por Cesario Ramos Machado e por Fabio Caramuru ao IPB

Material doado por Cesario Ramos Machado ao IPB, incluindo partituras manuscritas e publicadas, CDs e vídeo
Atualizado em 14.09.2017
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Inah Machado Sandoval "Tia Inah"

N. 27 de Maio de 1906
F. 30 de Julho de 2003
Por Alexandre Dias

Inah Machado Sandoval [Ynah Machado Sandoval], conhecida como Tia Inah, nasceu em São Paulo em 27 de maio de 1906. Ainda criança, manifestou talento para a música, vindo a receber as primeiras lições de sua mãe, Elvira Lacaz Machado, conhecida e prestigiada professora de piano na São Paulo do início do século XX. Seu desenvolvimento foi intuitivo, e em grande parte autodidata, sem passar por um curso formal em conservatório.

Em 1927, casou-se com Floro Barbosa Sandoval (1902-1963), com quem teve quatro filhos, dentre eles as pianistas Maria Helena Machado Sandoval e Maura Sandoval. Após o casamento, passou a residir em Franca (SP), onde ficaria até cerca 1991, quando se mudou para São Paulo. 

Ainda em 1927, aos 21 anos, compôs sua primeira peça, o tango argentino Flutuando, e prosseguiu compondo até seu falecimento em 2003, aos 97 anos, deixando pela menos 175 composições para piano solo, e canto e piano. 

Algumas de suas peças foram publicadas em edições independentes na primeira metade do século XX, como os maxixes Implicante e Serelepe, os tangos Manacá, Flutuando, e Pra você ouvir, o tango-canção Se meu amor voltasse..., as valsas Reinado dos meus sonhos e Falsidade, e a valsa-canção Meu sonho lindo. Em 1960, sua peça infantil Soldadinhos valentes foi publicada pela Irmãos Vitale.

Em 1977, seu choro Soneca, composto na década de 1940, foi finalista do "1º Festival Nacional do Choro - Brasileirinho", promovido pela TV Bandeirantes, entre cerca de 1.200 músicas inscritas. O choro foi interpretado pela pianista Livia Sandoval Abrahão, neta de Tia Inah, e a gravação realizada ao vivo integrou o LP "Choro Novo - Disco 2", lançado pela gravadora Marcus Pereira no mesmo ano.

Em sua obra, podemos encontrar referências às linguagens de Ernesto Nazareth, Marcello Tupynambá, Eduardo Souto, Francisco Mignone, e Chopin. Os gêneros trabalhados são principalmente choros, valsas, tangos brasileiros, músicas afro-brasileiras, toadas, mazurcas, peças infantis, músicas espanholas, e canções. Algumas obras estão organizadas em séries, como Branca de Neve e os sete anões (uma valsa e sete tangos brasileiros), As estações (sendo Primavera e Inverno canções com letra de seu sobrinho Paulo Ramos Machado), as 12 Valsas brasileiras, e as 37 mazurcas.

A maior parte de sua obra permanece inédita em manuscritos, que foram grafados para a pauta pelas pianistas Maria Therezinha Ramos Machado (sua sobrinha), Maria Helena Machado Sandoval (sua filha), e pela professora Ambrozina Machado Carvalho Rosa.

Várias de suas peças foram transcritas para piano a quatro mãos por Maria Therezinha Ramos Machado, incluindo a série Branca de neve e os sete anões, e os Cantos brasileiros No.1 e No.2.

Em 1995, a gravadora Echo lançou o CD "Tia Inah - Inah Machado Sandoval - Composições para piano", com 41 gravações interpretadas pela própria compositora ao piano, realizadas em 1975; e em 2009, foi lançado o CD independente "Piano a quatro mãos - Composições de Inah Machado Sandoval", com o duo de pianistas Maria Helena Sandoval Machado e Maria Therezinha Ramos Machado. 

Em 2016, sua obra tornou-se acessível para todo o mundo quando Cesario Ramos Machado, sobrinho e genro de Tia Inah, doou ao Instituto Piano Brasileiro 195 partituras da compositora, incluindo manuscritos originais e raras edições, com autorização para serem disponibilizadas online.

Clique aqui para baixar as partituras de Tia Inah.

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Obras

Choros e tangos brasileiros: Atrevido (1960); Brasileirinho; Cacique; Carajá (1954); Choro novo; Está bem assim; Gingando (1995); Gracioso; Implicante (1929); Ipê; Meu Brasil (1951); Manacá; Marajá; Marajoara; Moleque atrevido (1992); Moleque no batuque; Moleque sabido; Pra você ouvir; Rebolando; Serelepe; Soletrando; Sumaré; Tango brasileiro (1997); Tabajara; Vaidoso (1999); Vejam só... (1979); Vou te contá...; Yara (1943);

Valsas: 12 Valsas brasileiras [nº 1, 1954; nº3, 1959; nº 6, 1976; nº 9, 1986; nº 10, 1989; nº 11, 1988; nº 12, 1990]; Bodas de ouro (1970); Bodas de prata; Coleta (1949); Helena (1981); Manhãs de abril; Manhãs de primavera (1974); Reinado dos meus sonhos; Valsa; Valsa lenta; 

37 Mazurcas [Mazurca nº 3, 1934; Mazurca nº 7, 1947; Mazurca nº 9, 1950; Mazurca nº 14, 1956; Mazurca nº 18, 1974; Mazurca nº 23, 1969; Mazurca nº 24, 1971; Mazurca nº 25, 1971; Mazurca nº 26, 1971; Mazurca nº 28, 1975; Mazurca nº 29, 1975; Mazurca nº 30, 1975; Mazurca nº 32, 1978; Mazurca nº 34, 1980; Mazurca nº 37, 2000];

Músicas afro-brasileiras: Banzo (1957); Batucada (1960); Batuque; Candomblé (1946); Cateretê (1954); Maracatu (1954); Nega Fulô;

Peças infantis: Brinquedo de roda; Burrinho teimoso; Canção russa (1999); Contando uma história (1987); Crianças brincam (1978); Dança dos brinquedos (1999); Dança dos fantoches; Era uma vez (1990); Flauta mágica; Menina faceira; Meu burrinho; Os soldadinhos marcham; Pequena arabesca; Pequena canção; Pequeno camponês; Pica-pau; Recordações (1992); Saltitando; Soldadinhos escoceses; Soldadinhos valentes; Sonho de menina (1965); Sonhos (1992); Trolinho (1974); 

Canções: Barcarola (letra de Arlindo Veiga dos Santos); Cabocla (1979, letra de Heloisa Marcondes); Canção sertaneja (1943, letra de Arlindo Veiga dos Santos); Encantamento (1943, letra de  Arlindo Veiga de Santos); Falsidade (letra de Arlindo Veiga dos Santos); Inverno (ver a  suíte "As estações"); Jaraguá; Meu canto (letra de Paulo Ramos Machado); Meu sonho lindo (1939, valsa-canção, letra de Arlindo Veiga dos Santos); Natal (letra de Arlindo Veiga dos Santos); Primavera (ver a  suíte "As estações"); Samba da saudade (letra de Arlindo Veiga dos Santos); Se meu amor voltasse... (1934, letra de Edgard Cardoso); Sonhos; Toada sertaneja (letra de Arlindo Veiga dos Santos); 

Músicas espanholas: Alma espanhola; Andaluza (1964); Capricho espanhol; Málaga (1943); Reminiscência espanhola (1968); Segóvia; Sevilhana (1955); Vozes de Espanha nº 1; Vozes de Espanha nº 2;

Outros gêneros: Balada (1999); Acarajé (peça folclórica); Batuque no Sertão; Canção sem palavras; Canto Brasileiro nº 1 (1959); Canto Brasileiro nº 2 (1975); Crepúsculo; Dança; Dança brasileira (1972); Dança crioula; Deixa comigo (samba-canção, 1979); Flutuando (1927); Habanera (1931); Lembrança; Nostalgia (versões para piano solo; e para violoncelo e piano, 1999); Pas de deux; Prelúdio (1933); Prelúdio [No.2]; Reverie "Sonhos" (1960); Romance (2001); Romance sem palavras (1945); Sonata (1938); Tarantela nº 1 (1968); Tarantela nº 2; Uma toada (1945);

Suítes: Branca de Neve (Valsa) e os sete anões (tangos brasileiros): I. Branca de Neve, II. Mestre, III. Zangado (1943), IV. Feliz (1953), V. Soneca (década de 1940), VI; Dengoso, VII. Atchim (1943), VIII. Dunga; As estações: I. Primavera (letra de Paulo Ramos Machado), II. Verão, III. Outono (1950), IV. Inverno (1948, letra de Paulo Ramos Machado).